Durante o
processo de recuperação da dependência química e na maioria das vezes muito
antes do início do processo de recuperação ocorre um processo de adoecimento e
sofrimento não apenas na relação do adicto com a substância.
Nessa via de mão
dupla a família passar a receber uma dura dose de sintomas que passam a
inseri-la em um contexto de adoecimento e contribuem ainda mais com a
instabilidade para adesão e continuidade do processo de recuperação.
Sabe-se que é
quase impossível não ocorrer um sofrimento por parte das famílias, porém,
acredita-se que em meio ao desenvolvimento desse estado de sofrimento é
fundamental que a família compreenda até onde vai sua capacidade de ajudar ao
adicto. Sendo necessário as famílias compreenderem que faz parte desse enredo
da doença que a dependência química ou do comportamento do adicto quatro
estágios que terminam fazendo parte dessa recuperação, seriam: Negação, pré
contemplação, contemplação e ação.
Na maioria das vezes e em um primeiro
momento a negação é uma marca notável e presente no comportamento do adicto.
Mas o que seria adicção? Por que falar em adicto e não em dependente químico? A
adicção é um conjunto de fatores, aliás, é um comportamento, diga-se de
pasagem, quando falamos em adicção ou comportamento adicto estamos ampliando o
problema da dependência química para algo além do simples uso de uma substância
química. A adicção se caracteriza enquanto um conjunto de caracteristicas ou
sintomas que se repetem e dificultam a continuidade uma vida compreendida
enquanto "normal". Uma das caractérísticas marcantes da adicção é o
uso continuo de comportamentos de manipulação, egocentrismo, mentiras, dissimulação,
agressividade em alguns casos.
A família super
sensível durante esse processo de adoecimento que muita vezes leva o adicto
para um processo de cronificação de seu problema. Torna-se importante
esclarecer que a família muitas vezes passa a desenvolver sintomas muito
parecidos e as vezes iguais ao do adicto. Quando passamos a relatar a
existência desse comportamento e surgimento de sintomas por parte da família ai
podemos dizer que se instalou na dinâmica familiar aquilo que nomeamos de
co-dependência emocional.
Nesse processo de co-dependência
emocional a família muitas vezes chega a sabotar inconscientemente o processo
de recuperação do adicto. De toda maneira acredita-se que essa família deva
passar a buscar ajuda profissional focando a orientação e compreensão do
problema que passa da magnitudade do pessoal, do individual do adicto passando
a inteferir de maneira imediata na saúde de toda a dinâmica familiar. De alguma
maneira é nesse contexto que a negação passa a fazer parte não apenas do
comportamento do adicto mas também passando a ser uma marca do comportamento da
família.
A negação passa a
se manifestar de diversas maneiras, diria, sem medo de arriscar, que muitas
vezes ela se manifesta muito antes do problema se tornar crônico. Algumas
famílias as negação se manifesta com explicações racionais para justificar
determinados comportamentos inadequados e até mesmo faltas de habilidades
emocionais mais plausiveis diante de diversas situação do cotidiano. Em outros momentos ela se manifesta rapidamente
por parte do adicto que passa a fazer uso dessa negação não apenas como uma
fuga racional, e muitas vezes totalmente inconsciente e pueril por parte do
adicto que coloca em funcionamento uma outra característica marcante do adicto
sua capacidade de manipulação. Auto piedade, agressividade, dramatização da
situação e promessas que são ditas apenas enquanto uma maneira de manipular e
desprovida muitas vezes de um real desejo em fazer parte de um processo de
recuperação.
Muitas vezes em
outros momentos existe sim uma vontade em ingressar em um processo de
recuperação, mas, sendo necessário esclarecer que mesmo que a pessoa apresente
esse desejo e consciência em entrar em um processo de recuperação que tem como
objetivo a abstinência é normal e muito rotineiro ocorrer uma mudança que
apresente a negação com afirmações continuas de que: "Eu estou ótimo,
aliás, nunca mais pretendo usar droga!".As familias precisam permanecer
com a atenção direcionada para discursos dessa natureza e sempre observando o
comportamento do adicto. Sempre colocando em prática um ação de ler, estudar e
compreender a natureza da dependência química e por assim dizer da adicção.
Todos que fazem
parte da família precisam possuir uma fala afinada, coerente e comum a todos
pautada na mesma ideologia e princípios. Essa união e sinergia é vital para a
aceitação, adesão, continuidade e manutenção do processo de recuperação.
Família desunidade, desafinada, com fala incoerente é fatalmente uma grande
contribuinte para o fracasso do processo de recuperação.
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