Definição
As compulsões, comportamentos
compulsivos ou aditivos são hábitos aprendidos e seguidos por alguma
gratificação emocional, normalmente um alívio de ansiedade e/ou angústia. São
hábitos mal adaptativos que já foram executados inúmeras vezes e acontecem quase
automaticamente.
Diz-se que esses comportamentos
compulsivos são mal adaptativos porque, apesar do objetivo que têm de
proporcionar algum alívio de tensões emocionais, normalmente não se adaptam ao
bem estar mental pleno, ao conforto físico e à adaptação social. Eles se
caracterizam por serem repetitivos e por se apresentarem de forma freqüente e
excessiva. A gratificação que segue ao ato, seja ela o prazer ou alívio do
desprazer, reforça a pessoa a repeti-lo mas, com o tempo, depois desse alívio
imediato, segue-se uma sensação negativa por não ter resistido ao impulso de
realizá-lo. Mesmo assim, a gratificação inicial (o reforço positivo) permanece
mais forte, levando a repetição.
Por exemplo:
- Se
a pessoa é acometida pela idéia (contra sua vontade) de que está se
contaminando através de alguma sujeita nas mãos, terá pronto alívio em
lavar as mãos. Entretanto, se tiver que lavar as mãos 40 vezes por dia, ao
invés de adaptar essa atitude acaba por esgotar.
- Se
a pessoa é acometida pela idéia de que seus pais sofrerão algum acidente
fatal, poderá conseguir alívio da angústia gerada por esses pensamentos
se, por exemplo, bater 3 vezes na madeira... Mas tiver que bater na
madeira 40 vezes por dia, ao invés de aliviar, essa atitude acaba por
constranger e frustrar.
- Se
a pessoa tem um pensamento incômodo de que aquilo que acabou de comer
poderá engordá-la, terá alívio dessa sensação provocando o vômito, ou
tomando laxantes....
Causas
Não há uma causa bem estabelecida para
a ocorrência de comportamentos compulsivos. Pode-se falar em vulnerabilidades e
predisposições, seja de elementos familiares, tais como os hábitos conseqüentes
à extrema insegurança e aprendidos no seio familiar, seja por razões
individuais e relacionados às vivências do passado e a ao dinamismo psicológico
pessoal, seja por razões biológicas, de acordo com o funcionamento orgânico e
mental.
Assim, comportamentos compulsivos ou
aditivos podem ser entendidos como atitudes (mal-adaptadas) de enfrentamento da
ansiedade e/ou angústia, trazendo conseqüências físicas, psicológicas e sociais
graves. Algumas pessoas apresentam
comportamentos com caráter compulsivo, que levam a conseqüências negativas em suas vidas, como por exemplo, recorrer ao uso abusivo do álcool, das drogas, à fuga do convívio social, ao hábito intempestivo do vômito e às mais variadas atitudes.
Essas pessoas podem ainda comprar compulsivamente, sem levar em conta o saldo bancário, comer compulsivamente, mesmo quando não se tem fome, jogar, praticar atividades físicas em excesso, etc
comportamentos com caráter compulsivo, que levam a conseqüências negativas em suas vidas, como por exemplo, recorrer ao uso abusivo do álcool, das drogas, à fuga do convívio social, ao hábito intempestivo do vômito e às mais variadas atitudes.
Essas pessoas podem ainda comprar compulsivamente, sem levar em conta o saldo bancário, comer compulsivamente, mesmo quando não se tem fome, jogar, praticar atividades físicas em excesso, etc
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Complicações
Normalmente nesse tipo de problema,
classificados em sob o título de transtornos do espectro
obsessivo-compulsivo (TOC), a pessoa acaba tornando-se dependente
dessas atitudes, as quais ocupam um espaço importante no seu cotidiano. Em
alguns casos ocorrem-se danos físicos, como na pessoa com vigorexia, que precisa malhar (exageradamente)
todos os dias e por longas horas, ou lesões na pele das mãos devido aos rituais
de lavar continuadamente, ou escoriações quando há auto-escoriações, calvície
quando há tricotilomania, ou desnutrição quando a compulsão é por vômitos
(bulimia) e assim por diante.
Normalmente essas pessoas sentem
desconforto emocional se não fizerem esses comportamentos, apresentam grande
angústia ou ansiedade na ausência ou na impossibilidade em realizar a atividade
compulsiva. Socialmente a ocorrência de tais comportamentos pode resultar em
prejuízo no trabalho, na conclusão de tarefas, na liberdade de
sair de casa, na vergonha do contacto com outras pessoas, etc.
sair de casa, na vergonha do contacto com outras pessoas, etc.
A repetição desses comportamentos e o
aumento gradual da freqüência deles acabam caracterizando um verdadeiro
processo de dependência. Alguns buscam o alívio do desprazer das emoções de
angústia e ansiedade, do afastamento de pensamentos incômodos. Quando se
pretende a busca do prazer pode haver adicção química, que é o consumo
exagerado de substâncias.
Didaticamente podemos dizer que existe
uma grande semelhança entre comportamentos compulsivos e dependência química: a
angústia provocada pela ausência, os sintomas emocionais da abstinência, tais
como tremores, sudorese, taquicardia, etc, o caráter compulsivo e repetitivo, a
importância que essa atitude ocupa na vida da pessoa, o comprometimento na
qualidade da vida familiar, profissional, afetiva e social. É assim que, por
exemplo, o ato de jogar tem praticamente o mesmo papel que a droga, ou álcool,
a cocaína e outras substâncias psicoativas.
Tipos:
A característica essencial do Jogo Patológico é um comportamento de jogo
mal adaptativo, recorrente e persistente, que perturba os empreendimentos
pessoais, familiares e/ou ocupacionais. A pessoa com esse transtorno pode
manter uma preocupação com o jogo, tais como, planejar a próxima jogada ou
pensar em modos de obter dinheiro para jogar.
A maioria dessas pessoas com Jogo
Patológico afirma que está mais em busca de "ação" do que de dinheiro
e, por causa dessa busca de ação, apostas ou riscos cada vez maiores podem ser
necessários para continuar produzindo o nível de excitação desejado. Os
indivíduos com Jogo Patológico freqüentemente continuam jogando, apesar de
repetidos esforços no sentido de controlar, reduzir ou cessar o comportamento.
Através do reforço emocional
intermitente, onde ganhar é um reforço positivo imediato e perder é “apenas”
uma circunstância
aleatória, o indivíduo apresenta o comportamento compulsivo de jogar. Está sempre na expectativa de ganhar, como foi
conseguido anteriormente. Existe ainda uma sensação especial no comportamento de risco, o que ocupa a mente do jogador
fazendo que passe a repetir o comportamento (dependência). O jogo pode tornar-se uma grande fonte de prazer, podendo vir a ser a única forma de prazer para algumas pessoas. O jogador compulsivo costuma se tornar inconseqüente, gastando aquilo que não tem, perdendo a noção de realidade. A síndrome de abstinência pode estar presente.
aleatória, o indivíduo apresenta o comportamento compulsivo de jogar. Está sempre na expectativa de ganhar, como foi
conseguido anteriormente. Existe ainda uma sensação especial no comportamento de risco, o que ocupa a mente do jogador
fazendo que passe a repetir o comportamento (dependência). O jogo pode tornar-se uma grande fonte de prazer, podendo vir a ser a única forma de prazer para algumas pessoas. O jogador compulsivo costuma se tornar inconseqüente, gastando aquilo que não tem, perdendo a noção de realidade. A síndrome de abstinência pode estar presente.
A escravização que as pessoas das sociedades civilizadas se submetem aos
padrões de beleza tem sido um dos fatores sócio-culturais associados ao
incremento da incidência do comportamento compulsivo para a prática de
exercícios. É hábito que o ser humano moderno esteja moderadamente preocupado
com seu corpo, sem que essa preocupação se converta numa obsessão. Mas, alguns
complexos de feiúra ou de estar em desacordo com os padrões desejáveis podem
levar à obsessão pela beleza física e perfeição.
Inicialmente essa atividade física pode
proporcionar prazer, relaxar, fazer com que a pessoa se sinta mais saudável e
bonita. Este comportamento libera substâncias em nosso cérebro responsáveis
pelo prazer e bem-estar (veja mais). Quando isso se
transforma num comportamento compulsivo, exercitar-se em excesso pode resultar em prejuízo físico, atingindo as articulações, aparelho respiratório e o coração.
transforma num comportamento compulsivo, exercitar-se em excesso pode resultar em prejuízo físico, atingindo as articulações, aparelho respiratório e o coração.
O sistema emocional pode ficar
comprometido quando se apresenta um comportamento compulsivo, constante,
comprometendo a realização satisfatória de outras atividades da vida da pessoa
e proporcionando sofrimento significativo em outros aspectos.
A atividade física compulsiva deve ser considerada
um transtorno da linhagem obsessivo-compulsiva, tanto pela obsessão em
musculatura, pela compulsão aos exercícios e ingestão de substâncias que
aumentam a massa muscular, quanto pela fragrante distorção do esquema corporal
que essas pessoas experimentam.
Assim como os demais comportamentos compulsivos ou aditivos, o comprador
compulsivo é, praticamente, um dependente do comportamento de comprar,
precisando fazê-lo sem limites para se sentir bem, pelo menos bem naquele
momento (para depois arrepender-se).
O comprador compulsivo acaba por
consumir coisas pelo fato de consumir e não mais pela necessidade do objeto que
é consumido. Ir ao shopping sem realizar algumas compras parece tornar-se quase
impossível. Muitas vezes sente-se culpado, porém, como em qualquer
comportamento aditivo, o mais comum é perder o controle da situação.
Entretanto, é fundamental fazer a diferença entre o simples hábito pelas
compras do comportamento compulsivo às compras. "Os hábitos de consumo são
mais emocionais que racionais", afirma Dílson Gabriel dos Santos, que
leciona comportamento do consumidor na USP. O professor esclarece que comprar
por impulso, mas não por compulsão, é adquirir um bem por sentir uma atração
instantânea pelo produto, seja por causa da embalagem, do preço ou do apelo
publicitário.
Essas pessoas impulsivas pelas compras
cometem as "... pequenas loucuras que se cometem ao passar pelas gôndolas
de supermercados", diz. "Leva-se uma garrafa de bebida, um iogurte ou
um pacote de biscoitos a mais", observa. Já o compulsivo vai às
compras como um viciado que sai de casa para jogar ou em busca das drogas, e a
compulsão acaba sendo uma atitude que exclui logo o prazer pela aquisição do
novo produto.
Com o objetivo de vencer profissionalmente, ganhar dinheiro, sobressair-se
socialmente, tem sido glorificado pelo sistema cultural que a pessoa procure
dar o melhor de si trabalhando. O trabalho pode ser utilizado como uma ocupação
mental capaz de tomar o espaço de outros sentimentos ou pensamentos mais
difíceis de serem vivenciados. Quando a atividade funciona como uma forma de
esconder-se, fugir ou não ter que sentir ou pensar em outros problemas, enfim,
quando alivia a angústia da vida de relação, o trabalhar pode tornar-se
compulsivo, constante, enfim aditivo.
Neste caso, o trabalhar perde sua
função natural passando a ser prejudicial ao bem estar físico, familiar
psicológico e social do indivíduo. Na compulsão pelo trabalho a pessoa vai de
casa para o trabalho, do trabalho para a casa, excluindo-se de sua vida as
opções do lazer, as pausas nos finais de semana, o convívio descontraído com a
família, etc. A pessoa com compulsão pelo trabalho freqüentemente exige dos
outros o mesmo ritmo que tem para si, costuma criticar demais esses outros,
exige perfeição, dedicação e devoção ao trabalho, tal como elas próprias se
comportam. E o próprio compulsivo para
o trabalho sofre com sua situação.
o trabalho sofre com sua situação.
Normalmente são pessoas severas,
isoladas, inflexíveis, perfeccionistas, amargas e exageradamente “realistas”.
Por causa dessas características os workaholics racionalizam tudo na vida,
ocultam seus próprios sentimentos, têm um contato mínimo com eles próprios e
mantêm abafados seus conflitos íntimos. Para essas pessoas o trabalho é seu
escudo protetor e, melhor que isso, trata-se de uma atitude fortemente
enaltecida pelos valores sociais. Mas, na realidade, o workaholic também sofre,
normalmente é um insatisfeito consigo mesmo, alimenta a fantasia de ser potente
e meritoso. Na verdade, toda essa voracidade para o trabalho pode estar
aliviando sentimentos de angústia por se acreditar um pai omisso ou uma mãe
ausente, um companheiro fugidio, etc.
Os transtornos alimentares constituem uma verdadeira
"epidemia" que assola sociedades industrializadas e desenvolvidas
acometendo, sobretudo, adolescentes e adultos jovens. Vivemos em uma sociedade
na qual existe o culto da magreza. Assim, comer, um comportamento
universalmente tido como prazeroso, torna-se alvo de preocupação de muitas
pessoas. Como usufruir deste prazer sem sentir-se fora dos padrões sociais de
saúde e beleza? Quais serão os sintomas dessa epidemia emocional? De um modo
geral, o pensamento falho e doentio das pessoas portadoras dessas patologias se
caracteriza por uma obsessão pela perfeição do corpo. Na realidade, trata-se de
uma "epidemia de culto ao corpo".
Essa "epidemia" se multiplica
numa população patologicamente preocupada com a perfeição do corpo e que está
sendo afetada por alterações psíquicas caracterizadas por distúrbios na
representação pessoal do esquema corporal. Os transtornos alimentares vêem
aumentando sua incidência perigosamente e já começa a alarmar especialistas
médicos, sociólogos, autoridades sanitárias. Essa busca obsessiva da perfeição
do corpo tem várias formas de se manifestar e, algumas delas, diferem
notavelmente entre si. Existem os transtornos alimentares mais tradicionais,
que são a anorexia e bulimia nervosa mas, não
obstante, existem outros que se estimulam e desenvolvem na denominada
"cultura do esbelto".
Todos estes transtornos alimentares
compartilham alguns sintomas em comum, tais como, desejar uma imagem corporal
perfeita e favorecer uma distorção da realidade diante do espelho. Isto ocorre
porque, nas últimas décadas, ser fisicamente perfeito tem se convertido num dos
objetivos principais (e estupidamente frívolos) das sociedades desenvolvidas. É
uma meta imposta por novos modelos de vida, nos quais o aspecto físico parece
ser o único sinônimo válido de êxito, felicidade e, inclusive, saúde.
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