A paranóia é uma psicose caracterizada
por um conceito exagerado de si mesmo e de idéias de perseguição, reivindicação
e grandeza, que se desenvolvem progressivamente, sem alucinações .
Sabe-se que a
paranóia pode ter várias origens, que ainda estão sendo estudadas, desde o
stress, fatores genéticos, bioquímicos até o uso de drogas.
Como descrito anteriormente a paranóia
caracteriza-se por uma desconfiança grave, ilusões fixas, um sistema delirante
duradouro e inabalável, mas há manutenção da clareza, da ordem de pensamento,
da vontade e da ação.
O dependente químico se torna paranóico
devido a ação neuroquímica cerebral, uma vez que a droga age diretamente nos
neurotransmissores, que leva o indivíduo a mudanças comportamentais e
fisiológicas. A palavra agressividade é utilizada no senso comum com algo
pejorativo, onde faz-se a exclusão de uma pessoa devido ao seu comportamento
momentâneo.
Porém, a agressividade é algo inerente
ao ser humano, vem dos instintos básicos, sendo um comportamento emocional que
faz parte da afetividade humana. Com isso, pode-se dizer que a pessoa está
agressiva e não é agressiva; o mínimo de agressividade é necessário e preciso
para a sobrevivência do ser humano. O não aceito é a exacerbação da mesma, pois
neste caso o indivíduo é taxado, erroneamente, como tendo uma personalidade
agressiva.
Para os profissionais de saúde mental,
a agressividade não pode ser considerada um transtorno psiquiátrico específico,
ela é, antes disso, um sintoma que reflete uma conduta desadaptada.
Pode-se perceber que nas sociedades
ocidentais, a agressividade é aceita quando vista como iniciativa, ambição,
decisão ou coragem; mas é punida quando vista como atitudes hostis e de
sentimentos de cólera.
Contudo, a agressividade não é somente
caracterizada por ação motora violenta e destruidora, o comportamento negativo
de recusa ao auxílio e o simbólico como a ironia, também podem funcionar como
agressão.
No dependente químico a agressividade
pode surgir por vários fatores, tais como: uso abusivo ou abstinência de
drogas, preconceitos (social e familiar) e pelo surgimento da paranóia, uma vez
que esta suscita no indivíduo a resposta ao estímulo da perseguição.
Dependência química é entendida como
uma doença caracterizada por comportamentos impulsivos e recorrentes da
utilização de uma determinada substância, que envolve aspectos
biopsicossociais. O motivo de muitas pessoas que utilizam drogas tornarem-se
dependentes é que a substância ingerida e sua consequente ação no sistema
nervoso propiciam sensações prazerosas, ainda que momentâneas.
O dependente químico pode vir a
apresentar dois tipos de dependências: 1- física ; 2- psicológica.
- 1- A
física é caracterizada pelo sistema de recompensa cerebral, responsável
pela principal fonte de liberação do neurotransmissor dopamina,
responsável pela estimulação do prazer.
- 2- Quanto
ao aspecto psicológico, o uso de drogas pode erroneamente ser associado ao
alívio de sensações desconfortáveis, como: ansiedade, medos, tensões,
entre outros. Dessa forma, a droga é capaz de anestesiar a dor de existir,
mantendo o indivíduo alheio às dificuldades que deveria enfrentar na vida
cotidiana. Sem o consumo desta, a pessoa tem a sensação de incapacidade de
viver.
A droga traz para o indivíduo um
contexto lúdico e fantasioso, só que na prática esse não é um agente de
lapidação, mas sim de destruição, por isso, pode-se perceber nitidamente nos
dependentes a distorção do sagrado, que é a forma alterada de ver o mundo, uma
vez que na possessão do vício a pessoa se modifica, pois na busca do prazer
imediato utiliza-se da agressividade. Neste ponto o vício tem a capacidade de
deixar a pessoa sem percepção, vivendo somente de sensação, por isso a
necessidade do prazer imediato e a não visão de que a droga é algo capaz de
matá-lo, podendo surgir a auto-destrutividade e o auto-boicote.
A paranóia surge como um caráter de
defesa, apresentando delírios pouco sistematizados, acompanhada da perda de
sentimentos, podendo acarretar a agressividade devido a dificuldade que os
dependentes possuem de conviver com o social e de se integrarem a ordem (regras
sociais).
Pode-se dizer que na dependência
química encontra-se presentes os complexos materno e de inferioridade.
Entende-se por complexos um conjunto de idéias carregadas afetivamente que
evoluem para a formação do ego, tendo origem nos arquétipos.
O complexo materno apresenta certas
características, como: ansiedade, necessidade de quebra de contrato,
agressividade, persecutoriedade e desrespeito as regras sociais, portanto,
pode-se afirmar que dentro deste complexo estão todas as dependências e
drogadições.
Existe um padrão que é arquetípico no
complexo de inferioridade, no qual a pessoa se acostuma com a forma destorcida
de ganhar amor, que leva a uma fixação nesse processo propiciando o
auto-boicote. Este complexo está estritamente associado a criação, rejeição dos
pais e falta de afetividade, portanto, para que o indivíduo possa suportar
viver no complexo de inferioridade ele infla seu ego, ou seja, aparenta uma
superioridade que não possui.
Sendo assim, pode-se dizer que essas
pessoas não vivem, mas sim, co-existem em meio ao seu próprio caos.
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