A auto-piedade é um alimento venenoso, uma
espécie de erva daninha que intoxica por completo o espírito, dificulta as
relações e promove medo, desconfiança, solidão e melancolia.
É filha do egoísmo
e da lamentação, afilhada do orgulho e irmã da necessidade de aprovação e de
atenção especial. O auto-piedoso teme o
futuro e lamenta-se do passado, reclama do que não tem, não percebe a vida e
não vive o hoje. Faz-se vítima, a pior possível, até se tornar único em seu
sofrimento. Também tem o hábito de responsabilizar os outros por sua dor,
justificando seu estado, retro-alimentando-se e escondendo-se no sentimento de
menos valia.
Depois, quando
plenamente tomado por essa toxina, e por não suportá-la, passa a distribuí-la
gratuitamente às pessoas que mais ama, através do pessimismo, e do derrotismo e
às vezes da vingança.
É bom estar atento,
pois este sentimento pode tomar posse de qualquer um. É democrático, não tendo
preferência por idade, sexo ou raça e geralmente vai surgindo devagarinho, assim
como a noite sobre o dia, tomando conta da gente, expulsando a alegria de viver
e podendo durar muito.
Os sintomas iniciais
podem estar relacionados à necessidade de atenção especial, ao dar
exclusivamente para receber, ao querer aprovação alheia e à exigência exercida
sobre pensamentos, comportamentos e sentimentos dos outros.
A desintoxicação da auto-piedade pode ser
facilitada através de doses diárias de princípios espirituais, como humildade,
honestidade e coragem para se permitir um auto conhecimento e buscar seus
valores mais genuínos de auto respeito e amor próprio, pois a vida espiritual
está no “lá dentro de cada um” e se reflete no “lá fora de todos nós”. O “lá
dentro” é a casa do nosso espírito, onde podemos estar sozinhos e em paz, o que
é bom e saudável, mas se ela for invadida pela sombra de sentimentos como o da
auto-piedade, o estar sozinho vira solidão e a paz em angústia, e o “lá fora”
fica ingovernável.
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