Um novo perfil de pacientes está ocupando leitos dos serviços
de emergência dos hospitais nos tempos atuais.
Na faixa dos 20 ou 30 anos,
homens e mulheres preocupam cardiologistas com sintomas de infarto, acidente
vascular cerebral e crises de taquicardia ou hipertensão. Essa precocidade
deve-se a cada vez mais o uso de drogas pelos jovens. E geralmente essas
pessoas não têm histórico de fatores de risco para doenças cardiovasculares,
como a herança genética; nestes casos o problema deles foi provocado pelo uso
de drogas, principalmente a cocaína e o crack.Essas duas substâncias, na verdade, são a mesma coisa. Só que o crack, acrescido de bicarbonato de sódio e transformado em pedra, tem cerca de seis vezes mais potência que a cocaína. Os efeitos, embora no uso da primeira droga sejam mais intensos, são bastante semelhantes e atuam diretamente no cérebro. A droga impede que, no sistema nervoso central, os neurônios (células nervosas) recapturem o excesso de neurotransmissores, substâncias responsáveis pela transmissão de mensagens de uma célula para outra. Por conta dessa quantidade extra, há um aumento do estímulo motor. O usuário tem a sensação de estar mais forte, mais ativo.
A isso, soma-se grande euforia. Há elevação dos batimentos cardíacos, o que força o coração a trabalhar mais. Uma das consequências é elevar os riscos de infarto. O usuário tem 24 vezes mais chance de ter um infarto do miocárdio na primeira hora depois do uso de cocaína se comparado à população em geral. Também há outras complicações cardíacas graves causadas por ação direta do uso das duas drogas: miocardite (inflamação do miocárdio, nome do músculo cardíaco), endocardite (inflamação do endocárdio, a pele interna do coração), edema agudo do pulmão (líquido nos pulmões) por perda de força de contração do miocárdio, tromboses nos vasos sanguíneos, por formação de coágulos, e dilatação do coração.
Mesmo usuários iniciantes podem ter sequelas. O uso do crack, pelo seu alto poder de absorção, apresenta mais chances de provocar derrame cerebral e de complicações cardíacas em qualquer idade. Tudo piora quando há, somado ao entorpecente, o consumo de energéticos. Por serem estimulantes, eles potencializam o efeito da cocaína e do crack, elevando as possibilidades de um infarto.
A maconha não apresenta efeitos tão maléficos, pois causa relaxamento em vez de excitação. Mas também afeta o coração e outros órgãos. As tragadas repetidas e somadas causam danos importantes, como micro infartos e isquemias cardíacas. Os anabolizantes também estão na lista de vilões do coração. Além de baixar os índices do bom colesterol, o HDL, aumentam o teor do colesterol ruim para o coração, o LDL. A longo prazo, o uso dessas substâncias causa a hipertrofia do músculo cardíaco, o que pode levar o usuário a uma insuficiência cardíaca ou a um derrame.
Leia sobre os efeitos de cada uma:
::Cocaína
Estimulantes, seus primeiros efeitos são a elevação da autoestima, seguida de cansaço, insônia e perda de apetite. Após curto período, provoca uma forte depressão. A longo prazo, acarreta a perda de tecido cerebral, danos à inteligência, necrose da mucosa nasal ou das veias, dependendo da forma do consumo, infecção sanguínea, pulmonar e coronária. Os usuários podem ter infartos e derrames.
::Crack
Também provoca euforia plena seguida de depressão, insônia, perda da sensação de cansaço, de apetite, de peso e desnutrição, problemas pulmonares como tosse, expectoração, pneumonia e edema pulmonar. A longo prazo, causa ataque cardíaco, derrame cerebral, aumento da pressão arterial e convulsão.
:: Maconha
Altera a percepção, causando comprometimento da capacidade mental, boca seca, aumento do apetite, taquicardia, aumento da pressão arterial, ansiedade e alucinações. A longo prazo, provoca distúrbios respiratórios, síndrome de dependência, diminuição reversível ou não das capacidades cognitivas e alterações de fertilidade e libido.
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