Abstinência do álcool a longo prazo pode levar a uma recuperação parcial
das funções de equilíbrio, mas os déficits podem persistir, especialmente a
dificuldade de manter o equilíbrio em pé e de olhos fechados. É o que sugere um
estudo publicado na revista Alcoholism: Clinical & Experimental Research.
O abuso crônico de álcool causa danos consistentes ao cerebelo,
estrutura complexa localizada na parte de trás do cérebro que tem várias
funções, incluindo o controle do equilíbrio e da coordenação. O álcool também
danifica a substância branca subcortical, feixes de fibras mielinizadas que
conectam diferentes partes do córtex, e outros sistemas como o nervoso central,
o motor e o de feedback. A longa dependência do álcool também resulta em
prejuízos à transmissão de dopamina no estriado, área importante para o
controle motor.
Para o estudo, os pesquisadores examinaram 70 pessoas abstinentes por um
período de 6 a 15 semanas, 82 pessoas livres de álcool por um período de longo
prazo (média de 7,38 anos), bem como 52 indivíduos controle.
Os resultados fornecem evidências de que a recuperação do andar e do
equilíbrio, quando o suporte visual é disponível, pode ser atingido com a
abstinência prolongada. Por outro lado, as medidas de olhos fechados requerem
um maior equilíbrio e controle motor. O feedback visual torna o balanço
mais fácil, fornecendo pontos de referência para o ajuste motor. No entanto,
mesmo com a abstinência prolongada, estruturas importantes para o equilíbrio -
como o cerebelo - podem não se recuperar totalmente.
Estudos anteriores sugeriram que as mulheres metabolizam o álcool de
maneira diferente dos homens, e que o comprometimento das funções cerebrais em
mulheres, incluindo os processos cognitivos, ocorre com menos tempo de abuso do
álcool. Nossa descoberta de uma função mais deficiente em mulheres que em
homens com abstinência de curto prazo é consistente com isso. No entanto, a boa
notícia é que as mulheres no grupo de longo prazo obtiveram resultados
semelhantes aos homens, sugerindo que eles retornam a um nível comparável com a
abstinência prolongada.
A conclusão do estudo, de acordo com os pesquisadores, é que as funções
cerebrais prejudicadas em alcoólatras parecem se recuperar com uma abstinência
prolongada, mesmo se houver recuperação relativamente pequena com a abstinência
de curto prazo. Isto significa que há esperança para a recuperação
significativa da função do equilíbrio por meio da abstinência prolongada.
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