As estatísticas denunciam: o uso de drogas e a criminalidade
estão cada vez mais próximos. Dados do Programa Ação pela Vida, da Secretaria
de Segurança Pública (SSP-DF), obtidos com exclusividade pelo Jornal de
Brasília, revelam a relação direta entre o número de homicídios e o uso de
entorpecentes.
De acordo com o levantamento, 64% das vítimas de homicídio
faziam uso ou estavam sob efeito de drogas, sendo esse o fator principal dos
casos de mortes violentas no DF.
O
estudo faz parte do relatório de Exames Toxicológicos do Instituto Médico Legal
(IML), e reuniu 188 casos de assassinatos ocorridos até março deste ano. Os dados serão usados pelo plano, que tem
como um de seus eixos o enfrentamento ao uso e ao tráfico de drogas, por meio
da integração das forças policiais.
Entre os casos de assassinatos, 65% estavam relacionados a crimes como roubos,
furtos, o uso de drogas, homicídios, ameaça e lesão corporal. "Esse estudo
serve como uma base sólida para comprovar que o grupo de risco de pessoas
comprometidas com o crime está sendo vítima
de homicídio. Em quase 100% dos casos, vítima e autor possuem um perfil
muito semelhante. Ambos com passagens pela polícia, quase sempre por crimes
vinculados ao consumo e tráfico de drogas”, afirma o secretário de Segurança
Pública, Sandro Avelar.
As vítimas com antecedentes criminais relacionados a roubo
são a maioria (21,4%), seguidas por furtos (13,8%) e uso de entorpecentes
(10,6%). Para o secretário Sandro Avelar, a ligação das vítimas com o crime é o
principal motivo de homicídios, o que reduz muito a chance de quem não está
ligado a ele ser alvo da violência.
“No Distrito Federal,
a incidência de vítimas de morte violenta sem envolvimento com o crime é muito
pequena. Atualmente, as forças de segurança trabalham para reduzir o índice de
homicídio entre esse grupo de risco, apesar da dificuldade em prevenir tais
crimes, principalmente em decorrência do estilo de vida dessas pessoas",
constata Avelar.
Segundo exames toxicológicos apresentados pelo IML, 63% dos
examinados haviam usado cocaína e maconha. Logo depois vem o uso de derivados
da cocaína (crack e merla) associados à maconha. Em 36% dos casos, o resultado
foi negativo para o uso de alguma dessas substâncias.
O Governo do Distrito
Federal anunciou ontem a inauguração, em junho, de cinco Centros de Atenção
Psicossocial Álcool e Drogas (Caps), que funcionarão 24 horas em conjunto com
cinco unidades de Acolhimento. Os Caps funcionarão
24 horas e irão beneficiar moradores do Paranoá, Itapoã, Varjão, Santa Maria e
Planaltina. A ação faz parte do Plano Distrital de Enfrentamento ao Crack e
Outras Drogas. A medida foi antecipada pelo Jornal de Brasília no último dia
10, quando a reportagem mostrou que não há espaços para acolher os dependentes
químicos do DF.
Nas unidades de acolhimento, será possível acomodar 20
crianças e adolescentes e 45 adultos, que receberão tratamento durante seis
meses. Hoje, o DF abriga seis - em Ceilândia, Taguatinga, Samambaia, Asa Sul e
Norte e na Rodoviária do Plano Piloto - dos 27 Caps em funcionamento no País.
As seis unidades de
Saúde Mental em funcionamento voltadas à atenção a usuários de álcool e outras
drogas totalizaram 21.570 procedimentos no último trimestre, com 6.974 deles
voltados a menores de 18 anos. Cerca de 250 voluntários fizeram o curso de
multiplicadores da política do GDF e atuaram na abordagem de 2.5 mil moradores
de rua - 46% eram usuários de drogas lícitas e ilícitas e menos de 5% consumiam
crack.
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