O aumento do consumo de drogas é um dos grandes responsáveis
pelo crescimento no número de infarto do miocárdio (ataque cardíaco) entre
jovens no mundo.
Nos Estados Unidos, cerca de 25% das vítimas de ataque
cardíaco com idade até 50 anos são usuárias de cocaína, e a estimativa é que
esse índice seja semelhante no Brasil. Esse crescimento preocupa os
especialistas.Este assunto foi debatido no último congresso da Sociedade de
Cardiologia do Estado de São Paulo (SOCESP).
Associado ao grande número de fumantes e obesos com menos de 50
anos, o aumento no consumo de drogas como cocaína e anfetamina provocou uma
explosão nos óbitos por infarto do miocárdio em pessoas nessa faixa etária,
segundo os especialistas. “Precisamos estar muito bem preparados para atender
esse público. Remédios para combater a hipertensão, por exemplo, utilizados por
pacientes comuns não podem ser ministrados para quem consome drogas”, explica o
cardiologista Rui Ramos. Ele acrescenta que o betabloqueador - utilizado no
pós-infarto, ou no tratamento de angina, arritmias e certas formas de tremores
- também é proibido para usuários de drogas.
De acordo com o cardiologista, nos Estados Unidos, o consumo de
anfetaminas, como o ecstasy, também está em crescimento. “Assim como a cocaína,
esse tipo de droga ilícita aumenta de 40% a 50% o risco de uma pessoa
desenvolver problemas nas artérias coronárias, principalmente a aterosclerose
(presença de placas de gordura na parede das artérias). E a consequência é, na
maioria das vezes, o infarto do mocárdio”, destaca o especialista.
O quadro é ainda mais grave quando o paciente possui familiares
em primeiro grau com aterosclerose precoce. “Alguns estudos revelam que 92% dos
jovens que sofrem infarto são tabagistas. Cerca de 40% deles possuem familiares
em primeiro grau com aterosclerose precoce e 65% apresentaram distúrbios
da glicose”, revela Ramos.
O especialista lembra que o vício em geral, como o álcool e o
tabaco, é um veneno adicional para o coração, e os jovens devem ser orientados
em relação a esses riscos. O álcool potencializa em três vezes o efeito
maléfico da cocaína. Já o tabaco eleva o risco de infarto em 300%. "O
jovem acha que é imortal e, quando percebe o dano que causou à própria vida,
muitas vezes, é tarde demais. Temos que ser duros e realistas na conversa com
eles e colocar que o tabaco e as drogas ilícitas causam inúmeros problemas,
inclusive a disfunção erétil", explica o cardiologista.
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