A presença da família é importante durante todo o processo de tratamento
da pessoa que apresenta dependência e fundamental também na etapa da reinserção
social do ex-usuário de crack.
Após o término da fase intensiva de tratamento e
com o retorno ao meio familiar, o restabelecimento das relações sociais
positivas está diretamente relacionado à manutenção das transformações.
Um dos primeiros passos para o processo de reinserção social é evitar o
isolamento do usuário. “É uma ilusão achar que só a internação vai resolver o
problema. Na verdade, a desintoxicação é só uma parte do tratamento, pois o
mais importante é a reinserção social. É importante que o dependente saiba com
quem pode contar”.
É fundamental que a família reconheça que ele está em um processo de
recuperação de dependência, compreenda suas dificuldades e ofereça apoio para
que ele possa reconstruir sua vida social. “Durante o tratamento os familiares
e amigos podem e devem apoiar o dependente, se possível com ajuda profissional.
O principal risco para um ex-usuário é se sentir sozinho, desvalorizado e sem a
confiança das pessoas próximas”.
A capacidade de acolher e compreender, estabelecer regras claras de
convivência familiar, a demonstração de um interesse real em ajudar e de
compromisso com a recuperação, além do respeito às diferenças e da manutenção
de um ambiente de apoio, carinho e atenção, são atitudes que contribuem para
melhorar a qualidade de vida do ex-usuário e ajudam na prevenção de recaídas.
“De forma geral, no início é preciso exercer um controle maior sobre as
atividades do indivíduo, manter uma rotina mais rigorosa, com acompanhamento. É
preciso oferecer toda a ajuda possível, manter uma proximidade maior. O que
faltou antes vai ter que ser fortalecido neste momento”. “Não significa ser
autoritário e bruto, apenas firme no propósito de manter o usuário longe do
crack”.
É preciso dar espaço para a pessoa recomeçar. “Não se trata de fazer de
conta que nada está acontecendo, mas de não focar a pessoa só nisso”. A procura
por um trabalho e a volta aos estudos deve ser incentivada. “É fundamental
ocupar o tempo em que o dependente fumava crack com atividades saudáveis, seja
com estudos, trabalho, esportes ou caminhadas”.
Situações de convívio social fora do ambiente familiar tendem a ser
desafiadoras para o ex-usuário de crack., Não é recomendado que a pessoa volte
a freqüentar casas noturnas, bares ou mantenha contato com amigos que fazem uso
de drogas. “Não podemos pedir que a pessoa abandone tudo o que fazia, mas é bem
difícil retornar a esses lugares e não voltar a consumir a droga”.
O uso de drogas lícitas, mesmo de forma moderada, não é recomendado pela
maioria dos especialistas. “O cigarro é mais tolerável, apesar de controverso.
Mas o álcool é um grande problema. Mesmo em baixas doses, a bebida alcoólica
afrouxa as defesas do usuário e se torna um facilitador para recaídas”.. O dependente
tende a compensar a ausência do crack com outra droga mais acessível. “Fazendo
o uso de álcool e outras drogas ele não vai se recuperar, mas apenas buscar satisfação
em outro produto”..
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