A dependência química é caracterizada pelo
descontrole no uso de álcool e drogas, mas este descontrole alastrou-se para
outras áreas de nossa vida.
Pensamos e agimos descontroladamente. Tínhamos
relações impulsivas que nos traziam o tempo todas conseqüências inesperadas.
Em recuperação isto continuará acontecendo
por um certo tempo pelo fato de nossa mente ainda estar confusa e perturbada. A
própria síndrome de abstinência nos coloca numa condição mental desfavorável. É
como se nesse momento nossa mente entrasse em curto circuito e parasse de
funcionar. A recuperação mental é tão progressiva e lenta quanto a sua
destruição pelo uso de drogas.
O autocontrole é uma condição muito desejada
por nós, talvez por estarmos cansados de vivermos numa continua ansiedade. Se
pudéssemos daríamos longas férias para a nossa cabeça, mas desta forma não é
possível.
A obtenção do nosso controle emocional é uma
meta a ser conquistada. Tanto é verdade que dentro dos princípios dos Doze
Passos, ela esta localizada no Décimo passo. Nove passos antecedem esse momento
e isso quer dizer que precisamos vivenciar algumas novas experiências e nos
conhecermos com uma certa profundidade que permita desenvolvermos este
autocontrole.
Apesar disto podemos começar a verificar alguns
pontos críticos que são verdadeiros empecilhos na conquista do autocontrole. Em
primeiro lugar podemos destacar a falta de auto-aceitação que é a reprodução da
baixa auto-estima. Se não nos aceitarmos como somos é impossível criar
condições de nos analisarmos. Ficaremos fugindo de nós o tempo todo. Outro
aspecto a ser considerado é o comportamento exigente que trazemos conosco. A
exigência é fruto também da falta de aceitação. Achamos que a vida foi por
demais ingrata conosco e vivemos cobrando as pessoas por isso. Aliado a esse
comportamento esta o ressentimento que guardamos não só das pessoas, mas também
de nos próprios.
Isso confirma porque o autocontrole só poderá
ser adquirido à partir do momento em que vivenciarmos de uma maneira positiva
os Passos sugeridos na programação. Precisaremos ir nos reconstruindo e pouco a
pouco e aprendendo a nos amar e nos respeitar.
Outro ponto muito importante ser analisado é
o fato de não nos respeitarmos como seres humanos. Extrapolamos nossos limites
achando que somos super-heróis imortais. Nos alimentamos mal, dormimos mal,
exageramos na busca do prazer através do sexo e da obtenção de conforto
material, nos permitimos viver momentos intensos de raiva, ansiedade e
depressão, sem tomarmos atitudes para combater essa descompensação. Parece que
gostamos de viver mal. E isso se justifica. Quando usávamos vivíamos mal e nos
drogávamos. Hoje não podemos nos drogar, porem vivemos um certo saudosismo com
relação às drogas passando por momentos parecidos com os da ativa. É um prazer
mórbido uma verdadeira falta de aceitação.
Somente quando aprendemos a respeitar nossos
próprios limites é que poderemos respeitar os limites do próximo. Antes que
isso aconteça, vivemos confundindo nosso comportamento "bondoso" com
nosso próprio egoísmo. Pense nisso!
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