Por muito tempo a dependência química tem
sido considerada uma doença masculina. Aspectos culturais e sociais que
propiciavam o acesso dos homens ao álcool e às drogas levaram a crer que eles
são muito mais propensos a usar esses produtos. Em parte por esse motivo, há
décadas as pesquisas sobre o assunto excluíam mulheres.
Consequentemente,
sabe-se hoje bem menos sobre a drogadição feminina, e, na prática, os programas
e centros de tratamento raramente são voltados para as necessidades.
Bem pouco foi
considerada, por exemplo, a influência da variação hormonal no sucesso (ou
fracasso) do processo de recuperação. No entanto, há sinais de que a
predominância de estudos com voluntários homens tenda a diminuir, já que o uso
de bebidas e substâncias ilícitas se tornou socialmente mais aceitável tanto
por adolescentes quanto por mulheres adultas. É na população feminina que o uso
de bebidas e drogas mais tem aumentado. Em uma inversão das tendências
predominantes no passado, adolescentes estão agora experimentando maconha,
álcool e cigarros em índices mais elevados que os garotos. O uso geral de
drogas ilícitas entre as moças aumentou em torno de 6% em 2007 e 2008, enquanto
o índice para os jovens do sexo masculino caiu cerca de 10%.
Além disso, uma literatura cada vez mais
consistente sobre a dependência do sexo feminino mostra que as mulheres
apresentam características bastante específicas. De forma singular, elas podem
ser particularmente vulneráveis ao uso de substâncias que criam dependência e
aos seus efeitos, pois os hormônios sexuais femininos afetam diretamente os
circuitos de recompensa do cérebro, influenciando a resposta a drogas.
Felizmente, alguns estudos já apontam para novos tratamentos para a toxicomania,
além de fornecer informações práticas para as pessoas empenhadas em abandonar o
uso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário