A
dependência química é uma doença crônica, caracterizada por comportamentos
impulsivos e recorrentes de utilização de uma determinada substância para obter
a sensação de bem-estar e de prazer, aliviando sensações desconfortáveis como
ansiedade, tensões, medos, entre outras.
Por que
ocorre a dependência?
A dependência química é
entendida como uma doença que envolve aspectos biopsicossociais, e o curso de
seu tratamento deve procurar oferecer intervenções nas três áreas (biológica,
psicológica e social) para alcançar maior eficácia e efetividade.
Sabe-se que os seres humanos
aplicam seus comportamentos na busca de prazer. Sendo assim, qualquer movimento
que lhe ofereça uma sensação de bem-estar, de prazer ou aceitação social tende
a ser repetido. Esse é o conceito de recompensa que permeia o comportamento
humano. Dessa forma, explica-se o motivo de muitas pessoas que utilizam drogas
tornarem-se dependentes, pois a substância ingerida e sua conseqüente ação no
sistema nervoso propiciaram ao indivíduo sensações prazerosas, ainda que
momentâneas.
Aspectos biológicos
Para sustentar os aspectos
neurobiológicos da dependência, faz-se necessário mencionar o sistema de
recompensa cerebral, responsável pela principal fonte de liberação do
neurotransmissor dopamina. Esta substância contido nos neurônios do segmento
ventral, e cuja liberação ocorre no núcleo accumbens e na área pré-frontal é
responsável pelas principais vias do prazer, seja de modo natural, ou através
do uso das drogas. Todo esse sistema é responsável pela estimulação prazerosa,
assim explicando parte do processo cerebral envolvido no uso de drogas.
Aspectos psicológicos
Por causar uma sensação de
bem-estar no indivíduo, o uso de drogas pode ser erroneamente associado ao
alívio de tensões emocionais ou preocupações do indivíduo. 4, 6 Dessa forma,
entende-se que a droga é capaz de propiciar um amortecimento da vivência dos
problemas emocionais da um indivíduo, mantendo-o alheio das dificuldades que
deveria enfrentar na vida cotidiana. Um exemplo possível, é o dos indivíduos
que apresentam um quadro de intensa ansiedade, e que para minimizar as
sensações dele provindas, ingerem álcool todas as vezes que necessitam
enfrentar uma situação social. Nesse caso, a dependência química pode e
instalar progressivamente de maneira subjacente à ansiedade.
Aspectos sociais
Para explicar melhor estes aspectos envolvidos na dependência
química, é necessário compreender o contexto social no qual o indivíduo se
encontra inserido. A realidade atual nos
mostra que a disponibilidade da droga faz com que o álcool, o tabaco e até
drogas mais pesadas, estejam muito próximas das crianças e adolescentes. O
álcool é comercializado com pouco controle governamental, tornando-o uma das
drogas de maior acesso pelos adolescentes. Além da disponibilidade, as camadas
menos favorecidas tem carência de suporte social adequado, especialmente quanto
a educação, saúde e ao emprego, sabe-se que em muitas favelas o traficante pode
exercer um papel manipulador, pois é ele quem passa a oferecer subsídios
importantes no lugar da família ou dos órgãos governamentais.
Outros fatores como facilitação da interação social, a melhora
dos vínculos sociais também pode ser caracterizada como um fator psico-social
de reforçamento do uso da droga. A confiança pessoal pode ser fortalecida
enquanto as barreiras ou defesas diminuem. A intoxicação e a participação em
rituais, como as atuais “raves”, permitem que os usuários partilhem suas
experiências e sintam-se libertados das obrigações sociais normais. O propósito
da intoxicação é retirar-se das responsabilidades que a sociedade normalmente
espera que um adulto ou adolescente tenha. A droga também é responsável por
promover a coesão e solidariedade entre membros de um grupo social: serve como
meio de identificação do grupo e com o grupo.
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